Ainda me encontro nesse momento maravilhoso de muito aprendizado, momento muito intenso, não falo somente da oportunidade de treinar em diversas condições diferentes, mas a vida toda em si. Tanta coisa nova, tanto aprendizado em tão curto “espaço-tempo”. O treino é uma parte desse todo, obviamente. Não canso de agradecer a Deus/Universo, família, amigos (as), buyu, professores (as) e alunos (as), enfim, a todos envolvidos neste meu momento de vida. Você leitor, também é parte disso, queria muito deixar expresso meu agradecimento também.

Particularmente, tenho a oportunidade de praticar e aprender com diversos mestres e professores de filosofias, religiões/sistemas espirituais e artes. Hoje, pelo mundo. Não é maravilhoso estar aberto a conhecer essas diversas formas de expressão ou perspectivas da realidade? Existe um antigo ensinamento que permeia todas essas áreas ao ponto de não sabermos a origem, diz-se que tudo, absolutamente TUDO que acontece é para o nosso bem em última instância. Todo bem e todo mal aparente. Tudo. É o tipo de coisa que é difícil de perceber se estamos irritados ou em uma situação difícil, no meio do “furacão”, mas com calma dá para ter algumas epifanias.

Se considerar que ~100 anos (mais ou menos o tempo de vida de um ser humano) não é absolutamente nada no espaço-tempo (um exemplo simples, como se fosse 2 minutos de um filme de 2 horas) e que nessa imensidão temos inúmeras coisas a descobrir, dá uma ideia da consciência por trás dessa satisfação continua por abrir-se e aprender mais.

newyear_2016

(Risos). Nesse momento, meu filho está assistindo Kung Fu Panda. Aquele filme super divertido sobre o “Mestre Dragão”. Na luta final o vilão está em busca de um pergaminho secreto. O “Pergaminho do Dragão”. No final, acabamos por ver que o pergaminho apenas reflete a imagem de quem o está lendo (como um espelho), sem nenhuma mensagem escrita. A mensagem do filme é que “não há ingrediente especial”. Somos nós que tornamos “a coisa” especial. E não é por aí? Isso me lembra uma frase do Hatsumi Sensei já publicada: “Não há caminho. Viva!”. Como estamos todos no mesmo “barco” nessa imensidão do espaço-tempo, resta a nós apenas tempo para aproveitar cada uma dessas deliciosas experiências que a vida tem a nos oferecer. Juntos!

Kung Fu Panda (Filme). 2008.
Kung Fu Panda (Filme). 2008.

Tive a felicidade de ser convidado para passar o fim de ano em Dubai com a minha família. O que foi muito gostoso e especial! Como de praxe, todos já sabem disso, sempre que posso visito os Bujinkan Dojo espalhados por onde passo para aprender mais e conhecer os buyu. Dessa vez, tive uma surpresa! Encontrei o Arnaud Dai Shihan em um seminário em Dubai, o que não esperava. Como sempre, foi ótimo!

Obviamente, não lembro de todos os detalhes. Portanto, qualquer erro, por favor, atribua a mim. Mas o objetivo aqui é ter as anotações para futuro exame. Se realmente quer aprender, tem de ir ao professor. Pode ler se quiser, tem alguns até que dão aula do que apenas leram, mas a transmissão só vem por Shinden (de Coração para Coração). Ele nos abriu a mente para uma série de conceitos. Partindo da ideia de simples observação antes do ataque 観測 (Kansoku), algo que também pode ser escrito como “lentidão” 緩速 (Kansoku).

Muito tempo atrás, no Rio de Janeiro, quando comecei a treinar Bujinkan, sempre me questionava porque as pessoas atacavam da forma que atacamos. Digo, o “Fudo Ken” (o soco mais comum do Budo Taijutsu), não é comum para um ataque. Não no modo “Togakure” de fazer a coisa, sejamos sinceros. Com o tempo, obviamente, a gente começa a ver que vem muito pela frente e o próprio “Fudo Ken” perde características de “Togakure” que não foi feita para atacar, mas para escapar, e assume características evidentes de Shinden Fudo Ryu, Koto Ryu e Gyokko Ryu que são mais condizentes com o propósito do mesmo. Já, dessa época, atribuía a facilidade de escape dos meus professores a uma simples observação inicial do ataque (Kansoku).

Em termos humanos, vejo como algo natural. Observar e fazer algo depois. Hoje sabemos que o processamento do sentido de visão é  mais lento do que os outros, mas as coisas têm que começar por algum lugar. Neste mesmo dia, Arnaud, reforçou a ideia de sabermos a ordem de “processamento” do sentido de visão. Já tinha ouvido falar disso nos estudos do Rob Renner Yushu Shihan. Você pode fazer coisas na doida, à vontade, mas conhecer-se e conhecer os seus oponentes tem suas vantagens sim. Em termos históricos, não tem como negar.

Além disso, nosso corpo e mente (e para quem acredita, todo o resto), tem coisas fantásticas ocultas da primeira olhada. Não dá para ser preguiçoso e simplesmente responder com a primeira ideia do senso comum sobre o que se passa. Menos ainda, considerar somente um documentário que viu da BBC com ideias gerais. É preciso ir além. Na minha visão, é claro, mas…

“Não há caminho, Viva!”
– Hatsumi Soke.

Esse processo constante de autodescoberta não é uma delícia?

Arnaud relacionou essa necessidade de estar aberto ao ataque do oponente para uma resposta adequada ao processo de começar por simples observação, observar mesmo (olhar e ver o que está acontecendo), para depois evoluir a partir disso. Daí, então 感覚 (Kankaku), ou seja, “sensação” ou “sentimento”.

Em explicações simples, essa observação inicial, nos faz tirar uma série de conclusões precipitadas. Essas conclusões são projeções do presente no futuro, não necessariamente são o que o futuro é. Podem ser criações. Dessa forma, é necessário evitar essas conclusões para não cair em uma armadilha criada por si mesmo no espaço-tempo. É preciso notar também alguns pontos, já que o “tempo” é um muito mais do que essa linha sequencial: passado, presente e futuro. A própria Física está passando por essa revolução em conclusões preciptadas novamente.

Tempo é uma coisa que temos que conversar em outros posts.

Arnaud também nos compartilhou algumas histórias com Noguchi Dai Shihan, então deu sequência a ideia de “Fuyû” (“Ponto de Suspensão”) onde o Uke é pego por sua própria força. Não sei uma forma simples de falar sobre isso aqui, preciso de uma espada e simplesmente mostrar e, além de exercitar a ideia. Basicamente, quando você direciona o Uke para um ponto onde ele fica “suspenso”, as coisas ficam bem mais fáceis no contra-ataque.

Então, evoluindo, fomos liberados para o “não pense” 無心 (Mushin) e “sem forma” 無光 (Mukô) tão apregoados no Budo Taijutsu, onde todo mundo quer chegar (e em alguns casos, mesmo sem passar pelo processo todo). Então, sem comentários sobre, temos muitos posts anteriores, qualquer dúvida ou ideia é só comentar.

Nossos queridos (as) alunos (as) do Banpen Fugyō Bujinkan Dōjō em Fortaleza (Brasil) estão organizando um seminário com o Arnaud Coursegue Dai Shihan lá. É uma excelente oportunidade para aprender mais, além de ser um marco histórico para o estado, aliás, para o país. Se quer fazer parte desse marco, clique na imagem e se inscreva! Vai ser demais!

Shiro Kuma Zaikai 2016

Queria agradecer aos amigos (as) da Bujikan nos Emirados Árabes Unidos pela recepção e o excelente treino!

武風一貫
(Bufu Ikkan)
(mantenha-se consistente no método)

Pedro Henrique
2016